“Quando vemos a expansão das bases de dados, a constituição de bancos de informações, livros, artigos, citações, e com o advento da internet, as revistas em linha, tudo isso, conjugado prioritariamente em inglês, tem-se a falsa impressão de que tal abrangência é sinal de universalidade. Publicar algo citado em inglês não seria pois o resultado da expansão do circuito, de sua amplificação territorial, mas a condição primeira do pensamento. Escrever em outra língua deixa também de significar estar circunscrito a uma determinada forma de expressão, tal condição é percebida como um localismo, uma limitação. Global English torna-se universal English. Temos assim não apenas uma hierarquia entre os idiomas. Marcando a desigualdade existente entre eles, um elemento sutil de segregação intelectual se instaura. A homologia postulada entre local-global, particular-universal, rebaixa as outras interpretações à posição subalterna de localismo. Convenientemente esquece-se que o cosmopolitismo não é atributo necessário da globalidade, e que o particularismo do pensamento enuncia-se, tanto em dialeto quanto em linguagem mundial, pois na condição da modernidade-mundo, é perfeitamente plausível, e corriqueiro, ser globalmente provinciano”.
A Diversidade dos Sotaques
Poliglota“Quando vemos a expansão das bases de dados, a constituição de bancos de informações, livros, artigos, citações, e com o advento da internet, as revistas em linha, tudo isso, conjugado prioritariamente em inglês, tem-se a falsa impressão de que tal abrangência é sinal de universalidade. Publicar algo citado em inglês não seria pois o resultado da expansão do circuito, de sua amplificação territorial, mas a condição primeira do pensamento. Escrever em outra língua deixa também de significar estar circunscrito a uma determinada forma de expressão, tal condição é percebida como um localismo, uma limitação. Global English torna-se universal English. Temos assim não apenas uma hierarquia entre os idiomas. Marcando a desigualdade existente entre eles, um elemento sutil de segregação intelectual se instaura. A homologia postulada entre local-global, particular-universal, rebaixa as outras interpretações à posição subalterna de localismo. Convenientemente esquece-se que o cosmopolitismo não é atributo necessário da globalidade, e que o particularismo do pensamento enuncia-se, tanto em dialeto quanto em linguagem mundial, pois na condição da modernidade-mundo, é perfeitamente plausível, e corriqueiro, ser globalmente provinciano”.